Pessoas com inteligência mais alta levam tempo maior para resolver problemas complexos, diz estudo. Foto: Amel Uzunovic/Pexels
Pessoas com inteligência mais alta levam tempo maior para resolver problemas complexos, diz estudo. Foto: Amel Uzunovic/Pexels

Definir a inteligência continua sendo um desafio para a ciência, apesar de séculos de estudo. Muitos duvidam da validez dos métodos para medi-la, como os testes de QI, e a irrefreável ascensão da inteligência artificial (IA) problematiza ainda mais o conceito. No entanto uma noção tem persistido: que os graus mais elevados de inteligência humana estariam associados a um processamento mais rápido da informação – o que se denomina velocidade mental.

Um estudo publicado na revista Nature Communication, contudo, coloca em questão também essa hipótese tão difundida: seus três autores demonstraram que quem é mais inteligente demora mais a resolver problemas complexos, por ser menos propenso a tirar conclusões precipitadas.

No contexto do Projeto Conectoma Humano, Michael Schirner e Petra Ritter, da Charité – Universitätsmedizin Berlin, e Gustavo Deco, da Universidade de Pompeu Fabra, em Barcelona, submeteram 1.176 indivíduos a um teste de raciocínio, analisando em seguida a relação entre o desempenho e os tempos de reação.

Segundo o estudo ficou demonstrado que, embora solucionassem mais rápido os problemas mais fáceis, os participantes com pontuações de inteligência mais altas demoravam mais a resolver os mais difíceis, por dedicarem mais tempo para decifrar determinados aspectos, antes de chegar a uma solução.

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O estudo sobre “como a estrutura de rede configura a tomada de decisões para computação de inspiração biológica” sugeriu, ainda, que inteligência implica uma maior sincronia entre os lóbulos frontal e parietal do cérebro. O lóbulo frontal desempenha papel importante na atenção e na tomada de decisões, enquanto o parietal recolhe informação sensorial.

Os cientistas geraram modelos personalizados das redes cerebrais de 650 dos participantes. Para tal, combinaram os dados individuais de conectividade, obtidos através de rastreamento cerebral, com modelos genéricos de circuitos neuronais para a tomada de decisões.

O cotejamento revelou que quem demorava mais para resolver tarefas difíceis apresentava mais conectividade fronto-parietal em estado de repouso, além de uma maior sincronia entre ambas as regiões.

Isso contraria a suposição comum de que uma maior inteligência implique um cérebro mais rápido. Em circunstâncias mais complexas, é necessário um equilíbrio entre velocidade e precisão, permitindo tomar decisões mais acertadas.

Assim, enquanto o processamento mais rápido e automático é adequado para decidir sobre tarefas simples, um raciocínio mais lento e laborioso, favorecendo a compreensão gradual da informação relevante, pode ser mais eficaz na solução de questões mais complexas.

Este texto foi publicado originalmente na DW Brasil.

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